Nem sei se todos sabem, mas para os deficientes em geral utilizarem os transportes públicos da cidade de São Paulo gratuitamente é necessário que se identifiquem com uma carteirinha especial da prefeitura, constando nome, foto, e essa carteirinha é a garantia que eles tem de que trata-se de uma pessoa que realmente possui algum tipo de deficiência e também é uma forma de controlarem irregularidades, porém para fazer a tal carteirinha é necessário que a pessoa se dedique umas boas horas e dias da vida e tenha muita paciência.
Até agosto desse ano (2009) eu ainda não tinha a minha, não por falta de vontade, mas por não ter conseguido informações que pudessem me ajudar para obter a tal. Somente em maio desse ano que consegui saber como fazia o tal procedimento.
Enquanto não a tinha, precisei discutir com muitos funcionários para poder circular por aí pois não achava justo ter que pagar por causa de não ter a carteirinha especial, não era todo dia que eu tinha como pagar. Sei que existe a regra, mas a Lei é clara: isenção para deficientes. A carteirinha é só uma forma de controlar fraudes, mas eu tenho a certeza absoluta que não estava "fraudando" a Lei.
Quando eu chegava à estação do metrô por exemplo, já explicava para o funcionário do bloqueio(catracas) a situação e mesmo assim precisava discutir, "bater o pé", questionando-os "Me mostra um documento onde tem escrito o tal procedimento?"; "O senhor não consegue ver que estou numa cadeira de rodas?" ; "Vamos falar de ética? O senhor acha ético não permitir a minha entrada sendo que existe uma Lei que permite?"; "Então vamos abrir uma comissão de ética!"; "Se o governo facilitasse já teria a carterinha"; "Não estou sendo criminosa, tenho certeza"... e por aí vai. Algumas vezes eles me barraram mesmo, a sorte que eu sempre que precisava pegar o metrô, iria preparada com um dinheiro reserva, outras vezes abriam a portinha "bufando" e falavam "Hoje eu vou deixar, mas amanhã você esteja com a carteirinha".
Já no ônibus a situação é bem diferente, raramente eles pedem a carteirinha.
No próximo post mostrarei como faz para obter a carteirinha e contarei como foi a saga para obter a minha.
Este é um blog para aqueles que tem curiosidade de saber como é a vida de alguém que utiliza uma cadeira de rodas no dia-a-dia. De uma forma simples exponho situações da minha vida, reflexões, sempre com intuito de mostrar que possamos ser felizes mesmo "aparentemente" limitados, que a limitação está nos olhos de quem vê.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
sábado, 21 de novembro de 2009
O reservado...
Para tirar a teia desse blog, contarei uma historinha rápida que vivenciei com meu amigo de trabalho, o Michel. Era uma terça-feira de uma semana normal, saímos juntos do trabalho, pois eu tinha um compromisso e aproveitei para ir com ele já que meu compromisso era perto da onde ele ia. Pegamos um ônibus até a Paulista e de lá fomos até a Av. Brigadeiro para pegar um outro ônibus, e fizemos isso, e com cuidado pois avisei-o que a cadeira poderia parar a qualquer momento mas dessa vez ela não parou, perdeu um pouco de velocidade na hora que atravessávamos mas continuou a andar, chegamos na Brigadeiro e ficamos aguardando um ônibus que fosse piso baixo (que abre uma rampa na altura da calçada), só que começou a demorar, e o tempo estava passando, e então resolvemos voltar para Paulista para tentar ônibus por lá, estávamos com fome, e ambos viciados em Mcdonalds, só conseguíamos pensar na tal lanchonete, mas não podíamos, pois estávamos sem tempo e "duros" também, evitamos até de atravessar a avenida na frente do "Mc" para não correr o risco de entrar. Chegamos na Paulista e ficamos esperando, e esperando... nada de ônibus piso baixo, e o tempo passando...resolvemos voltar para Brigadeiro novamente, pois ali não parecia que iríamos ter sucesso. Quando chegamos no ponto da Brigadeiro, avistei o ônibus piso baixo, e nós ficamos eufóricos e felizes, porém um detalhe, no letreiro "RESERVADO", Que DROGA! Mas observamos rapidamente que haviam pessoas dentro do ônibus, então "vamos dar o sinal para ver se ele para!" e não é que ele parou! Ufa, pensamos, o motorista abriu a porta, Michel abriu a rampa, entramos e logo o cobrador grita, "Ele não, só ela" ai eu "ELE TÁ COMIGO", "Ah então tabom" só faltava eu entrar e o Mi ficar para trás... daí perguntei ao cobrador o por quê do reservado e ele disse que era porque a catraca tinha acabado de quebrar, e aí Michel vira para mim e fala, "Mi que ótimo, ele não vai parar em muitos pontos, vamos super rápido" Ueba, maravilha, depois de tudo que passamos para conseguir o ônibus estávamos merecendo, mas, como nem tudo são flores, um trânsito fora do comum na Brigadeiro, embora Michel tentava me confortar que era só até o farol no final dela que depois já andava, mas... JUSTO naquele dia, quebrou um ônibus no corredor da Santo Amaro, e ficamos muito tempo dentro do ônibus, no trânsito, com fome.
Ainda faltava para mim outra parte de aventura, precisei descer desse tão achado ônibus para pegar um outro, sem o Michel, ele continuou dentro dele para ir para o "resto de aula" da faculdade, diz ele que houve alguns conflitos no ônibus logo que saí, o motorista deu uma bronca nele porque ele deveria ter o avisado que eu iria pegar outro ônibus em outro ponto que ele me deixaria lá, mas eu sabia que isso seria enviável já que a plataforma era oposta, eu ficaria no canteiro central junto às plantas. E logo depois houve uma confusão de mulher estressada querendo bater numa criança que estava brincando, e sua avó quis defendê-la a qualquer custo.
Eu continuei a minha batalha de ir a um endereço totalmente novo e desconhecido, já estava escuro e no ponto somente eu, uma mulher e um cara, e a noite não enxergo bem o letreiro do ônibus pois sou míope, e preciso que chegue bem perto para eu ler, então dou sinal, eles vem parando, eu leio, se não é o que eu preciso dispenso, pratica não? Os motoristas "adoram"!!
Peguei o ônibus que eu precisava, porém um susto, o motorista estava brigando com um passageiro que tinha acabado de descer chingando-o, aí ele(motorista) abriu a rampa para eu entrar, porém na hora de fechá-la gritou concluindo a discussão "Seu c****ão" para o rapaz e bateu a rampa, fazendo um barulho ensurdecedor, tenso! Ainda bem que eu só tinha que ficar dentro daquele ônibus por dois pontos. Desci e uma surpresa, tinha um degrau para conseguir atravessar a avenida, e eu vendo que estava só daquele lado, comecei a fazer gestos para um homem do outro lado da avenida que estava me observando por curiosidade, e ele conseguiu entender que eu precisava que ele me ajudasse, atravessamos, e perguntei onde era a rua que eu precisava chegar, e ele disse que eram uns 3 quarteirões dali onde estava. Fui e consegui chegar, muito atrasada, mas deu tudo certo.
ps: Muito obrigada ao Michel, por ter feito parte dessa aventura, na próxima vamos comer Mcdonalds! E me desculpa por você ter chegado tão atrasado na faculdade.
Ainda faltava para mim outra parte de aventura, precisei descer desse tão achado ônibus para pegar um outro, sem o Michel, ele continuou dentro dele para ir para o "resto de aula" da faculdade, diz ele que houve alguns conflitos no ônibus logo que saí, o motorista deu uma bronca nele porque ele deveria ter o avisado que eu iria pegar outro ônibus em outro ponto que ele me deixaria lá, mas eu sabia que isso seria enviável já que a plataforma era oposta, eu ficaria no canteiro central junto às plantas. E logo depois houve uma confusão de mulher estressada querendo bater numa criança que estava brincando, e sua avó quis defendê-la a qualquer custo.
Eu continuei a minha batalha de ir a um endereço totalmente novo e desconhecido, já estava escuro e no ponto somente eu, uma mulher e um cara, e a noite não enxergo bem o letreiro do ônibus pois sou míope, e preciso que chegue bem perto para eu ler, então dou sinal, eles vem parando, eu leio, se não é o que eu preciso dispenso, pratica não? Os motoristas "adoram"!!
Peguei o ônibus que eu precisava, porém um susto, o motorista estava brigando com um passageiro que tinha acabado de descer chingando-o, aí ele(motorista) abriu a rampa para eu entrar, porém na hora de fechá-la gritou concluindo a discussão "Seu c****ão" para o rapaz e bateu a rampa, fazendo um barulho ensurdecedor, tenso! Ainda bem que eu só tinha que ficar dentro daquele ônibus por dois pontos. Desci e uma surpresa, tinha um degrau para conseguir atravessar a avenida, e eu vendo que estava só daquele lado, comecei a fazer gestos para um homem do outro lado da avenida que estava me observando por curiosidade, e ele conseguiu entender que eu precisava que ele me ajudasse, atravessamos, e perguntei onde era a rua que eu precisava chegar, e ele disse que eram uns 3 quarteirões dali onde estava. Fui e consegui chegar, muito atrasada, mas deu tudo certo.
ps: Muito obrigada ao Michel, por ter feito parte dessa aventura, na próxima vamos comer Mcdonalds! E me desculpa por você ter chegado tão atrasado na faculdade.
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