Tem momentos na vida que ficamos refletindo de tudo, principalmente quando passamos por situações que nos levam uma hora o "despencar emocional", precisando de uma pausa para nos reestruturarmos, onde é o momento que entram as grandes reflexões. Acho que me encontro nesse momento, como no post anterior, me peguei refletindo das coisas que fiz, precisei me apoiar nessas conquistas, lembrando que a vida é sempre para aprendermos, ou seja, tudo o que passamos é para nosso aprendizado, por mais que seja duro.
Na minha vida existem ou existiram muitas pessoas que são parte do que sou hoje e um grande exemplo na minha vida de uma pessoa que teve uma grande influência, lá atrás, para eu ser quem sou, foi um rapaz chamado Felipe, um grande amigo. O conheci em 2003, durante um simpósio espírita, onde ele deu uma excelente palestra contando da sua própria vida.
O Felipe tem distrofia muscular assim como eu, porém um outro tipo, Ducchene, e vê-lo ali expondo sua vida, suas conquistas, suas dificuldades, foi tão forte pois foi como se eu estivesse ouvindo a minha própria história, e percebi que eu não estava sozinha nessa "empreitada" de ser deficiente portadora de distrofia muscular embora sabendo que existem milhares de portadores de distrofias pelo mundo, mas era diferente, era muito real, e ele era especial, tinha um "q" de diferente.
Senti uma enorme necessidade de estar perto dele, de falar com ele, e quando acabou o simpósio fui até ele e ficamos conversando, e olha que na época eu era tímida, não conseguia chegar nas pessoas e conversar, mas com ele era diferente, acredito que foi um encontro de almas amigas, trocamos telefones e passamos a nos falar sempre. Eu contava das coisas que eu fazia, ele contava o que ele fazia, me sentia muito feliz de tê-lo como amigo, como ouvinte, conselheiro, "compatível", sempre era muito prazeroso passar as tardes falando com ele ao telefone. Tentávamos nos encontrar mas como ele dependia muito da ajuda dos familiares e amigos ficava difícil, até que o convidei para a minha formatura (colegial) e ele foi! Fiquei muito feliz!
Acredito que o Felipe foi a minha primeira amizade verdadeira, embora eu tivesse amigos na época e que tenho até hoje, mas ele era um exemplo de amizade que envolvia muito amor, carinho, respeito, admiração, identificação, era muito intensa, muito bonita de viver, eu me sentia capaz de ser alguém no mundo com distrofia, pois ele já era formado, dava aulas, tinha planos, fazia palestras, escrevia inúmeros textos.
O Felipe é o exemplo de uma pessoa que tem uma bondade infinita, dono de uma sabedoria infinita, que está sempre fazendo algo na vida mesmo com todas as dificuldades que a distrofia infelizmente vai colocando para ele, ele é um guerreiro!
Ele estava escrevendo um livro, não sei se terminou e publicou, sobre a vida dele, e um tempo atrás, como ele já falava, que se ele escrevesse um livro eu estaria com certeza nele, ele me mandou a parte que ele falou que eu apareceria, o que me deixou surpresa que na verdade, ganhei um capítulo inteiro, mais ou menos 10 páginas, fiquei muito emocionada e surpresa pois não imaginava que eu tivesse feito algo que preenchesse tanta página, pois ele quem fez muito mais na minha vida... Hoje quando resolvi escrever sobre esse rapaz tão valioso, peguei novamente o capítulo, e não pude conter lágrimas de como fomos tão especiais um para o outro.
Hoje não temos mais tanto contato, acredito que precisávamos nos encontrar naquele momento para acrescentar algo na vida um do outro para daí seguirmos em frente, embora uma vez ou outra nos esbarramos e matamos saudades.
Só tenho que agradecer ao Felipe por ter feito parte da minha história.
Deixo aqui para vocês apreciarem o blog do Felipe:
http://compartilhavida.wordpress.com/
Este é um blog para aqueles que tem curiosidade de saber como é a vida de alguém que utiliza uma cadeira de rodas no dia-a-dia. De uma forma simples exponho situações da minha vida, reflexões, sempre com intuito de mostrar que possamos ser felizes mesmo "aparentemente" limitados, que a limitação está nos olhos de quem vê.
sexta-feira, 14 de maio de 2010
sexta-feira, 7 de maio de 2010
trajetória...
Me peguei um dia pensando que não fiz muita coisa até hoje, que devia ter feito mais, que tanta gente faz tanta coisa e eu, o que eu fiz nesse tempo todo? E aí veio a resposta.
Desde pequena, uma garotinha "serelepe", sempre muito esperta, brincalhona, criativa, vivia inventando coisas, fazia minha família dar altas risadas na mesa do almoço, era a criança sapeca.
Comecei a fazer natação aos 7 anos de idade.
Com 15 anos decidi fazer piano, pois assisti um musical de Teatro que meu primo Adri (maravilhoso, talentosíssimo, espetacular) fazia e fiquei encantada e até hoje não parei de tocar.
Logo após, com meus 16 anos, entrei para uma equipe de natação e comecei a competir, cheguei até viajar para alguns lugares (Belo Horizonte e Rio de Janeiro), conquistei medalhas, de ouro inclusive, conheci muita gente, foi muito importante na minha vida, pois conquistei, fui capaz. Além da natação, comecei a treinar Tênis de Mesa, participei de um único campeonato, peguei bronze na minha categoria mas acabei desistindo, não levava jeito para a coisa...rs.
Entrei para a faculdade, Biomedicina e logo em seguida arrumei meu primeiro emprego.
Em 2005 fui assistir uma peça de teatro musical, na Oficina dos Menestréis, com cadeirantes e deficientes visuais, fiquei encantadíssima e pensei "Nossa, nunca iria conseguir estar num palco como eles" e aí que depois de quatro meses, lá estava eu no meio da trupe (nunca digam nunca rs). Foram mais de 35 apresentações de 4 peças diferentes e até apresentação em Brasília.
Digamos que ter vivido o que vivi no teatro foi um grande passo para eu reconhecer as minhas qualidades, de aceitar quem sou, e de acreditar que sou realmente capaz. A minha jornada no teatro encerrou-se com 3 anos de muita dedicação. Foi por minha escolha, pois senti que cumpri o que queria. Nesse ano de saída do teatro foi um ano de saída da faculdade, por outros motivos que não vale a pena citar aqui, tive que sair. Nesse mesmo ano, fiz parte de um curso de dança, danceability, por dois meses e duas apresentações finais, acho que nunca vivi algo tão prazeroso, tão intenso, tão surreal. A dança é forma mais intensa de auto-conectar-se ao corpo, e nessa dança, danceability, tive a oportunidade de me conhecer, sentir minhas limitações e explorá-las, em conjunto com outras pessoas que também estavam lá com o mesmo propósito. Houve muito improviso e contato, o que explora a sua capacidade de criar com o outro novas formas de expressão corporal, sentindo, respirando cada movimento...nossa, foi muito bom.
No ano seguinte comecei uma nova faculdade, Psicologia, e nesse ano psicologicamente foi bem complicado, comecei a entender os processos psicológicos que eu fazia comigo mesmo, as minhas próprias armadilhas, os meus medos, as minhas fraquezas, as limitações dos outros, muita gente que passei a desacreditar, muitas decepções, acabei tendo que procurar um apoio psicológico, para me ajudar a conseguir superar tudo, enxergar as coisas boas novamente e seguir meu caminho.
Nesse ano agora, decidi dedicar ao canto, aliás, antes em 2008 fiz parte da Oficina de Coral da USP por um ano, aprendi que cantar não é nada fácil, tem que respirar direito, prestar atenção na afinação, tem que saber muito bem teoria musical. Daí para dar um salto comecei paralelamente canto popular com uma cantora maravilhosa, Juliana Caldas, que fez milagre, conseguiu me afinar mesmo eu não tendo nada de talento para cantar, mas se bem que confesso que achei que fazendo aula com a Ju eu fosse conseguir roubar 1/3 da voz dela, não consegui, uma pena...:p. Bem, voltando ao começo do parágrafo, entrei em fevereiro deste ano na Oficina de Coral Luther King, e lá faço também propedêutica (teoria musical) e técnica vocal, bem, vamos ver se agora essa voz de "taquara rachada" dá uma melhorada.
Sinto que estou amadurecida, comparando com aquela garotinha de 15 anos que decidiu fazer piano, claro, não o suficiente, ainda tenho um chão enorme pela frente, mas posso dizer que fiz muita coisa sim, e que vou fazer ainda mais.
Desde pequena, uma garotinha "serelepe", sempre muito esperta, brincalhona, criativa, vivia inventando coisas, fazia minha família dar altas risadas na mesa do almoço, era a criança sapeca.
Comecei a fazer natação aos 7 anos de idade.
Com 15 anos decidi fazer piano, pois assisti um musical de Teatro que meu primo Adri (maravilhoso, talentosíssimo, espetacular) fazia e fiquei encantada e até hoje não parei de tocar.
Logo após, com meus 16 anos, entrei para uma equipe de natação e comecei a competir, cheguei até viajar para alguns lugares (Belo Horizonte e Rio de Janeiro), conquistei medalhas, de ouro inclusive, conheci muita gente, foi muito importante na minha vida, pois conquistei, fui capaz. Além da natação, comecei a treinar Tênis de Mesa, participei de um único campeonato, peguei bronze na minha categoria mas acabei desistindo, não levava jeito para a coisa...rs.
Entrei para a faculdade, Biomedicina e logo em seguida arrumei meu primeiro emprego.
Em 2005 fui assistir uma peça de teatro musical, na Oficina dos Menestréis, com cadeirantes e deficientes visuais, fiquei encantadíssima e pensei "Nossa, nunca iria conseguir estar num palco como eles" e aí que depois de quatro meses, lá estava eu no meio da trupe (nunca digam nunca rs). Foram mais de 35 apresentações de 4 peças diferentes e até apresentação em Brasília.
Digamos que ter vivido o que vivi no teatro foi um grande passo para eu reconhecer as minhas qualidades, de aceitar quem sou, e de acreditar que sou realmente capaz. A minha jornada no teatro encerrou-se com 3 anos de muita dedicação. Foi por minha escolha, pois senti que cumpri o que queria. Nesse ano de saída do teatro foi um ano de saída da faculdade, por outros motivos que não vale a pena citar aqui, tive que sair. Nesse mesmo ano, fiz parte de um curso de dança, danceability, por dois meses e duas apresentações finais, acho que nunca vivi algo tão prazeroso, tão intenso, tão surreal. A dança é forma mais intensa de auto-conectar-se ao corpo, e nessa dança, danceability, tive a oportunidade de me conhecer, sentir minhas limitações e explorá-las, em conjunto com outras pessoas que também estavam lá com o mesmo propósito. Houve muito improviso e contato, o que explora a sua capacidade de criar com o outro novas formas de expressão corporal, sentindo, respirando cada movimento...nossa, foi muito bom.
No ano seguinte comecei uma nova faculdade, Psicologia, e nesse ano psicologicamente foi bem complicado, comecei a entender os processos psicológicos que eu fazia comigo mesmo, as minhas próprias armadilhas, os meus medos, as minhas fraquezas, as limitações dos outros, muita gente que passei a desacreditar, muitas decepções, acabei tendo que procurar um apoio psicológico, para me ajudar a conseguir superar tudo, enxergar as coisas boas novamente e seguir meu caminho.
Nesse ano agora, decidi dedicar ao canto, aliás, antes em 2008 fiz parte da Oficina de Coral da USP por um ano, aprendi que cantar não é nada fácil, tem que respirar direito, prestar atenção na afinação, tem que saber muito bem teoria musical. Daí para dar um salto comecei paralelamente canto popular com uma cantora maravilhosa, Juliana Caldas, que fez milagre, conseguiu me afinar mesmo eu não tendo nada de talento para cantar, mas se bem que confesso que achei que fazendo aula com a Ju eu fosse conseguir roubar 1/3 da voz dela, não consegui, uma pena...:p. Bem, voltando ao começo do parágrafo, entrei em fevereiro deste ano na Oficina de Coral Luther King, e lá faço também propedêutica (teoria musical) e técnica vocal, bem, vamos ver se agora essa voz de "taquara rachada" dá uma melhorada.
Sinto que estou amadurecida, comparando com aquela garotinha de 15 anos que decidiu fazer piano, claro, não o suficiente, ainda tenho um chão enorme pela frente, mas posso dizer que fiz muita coisa sim, e que vou fazer ainda mais.
Estagiários adolescentes da SPTrans
Este post será uma extensão do anterior...
Logo após ter publicado o post anterior, assim, não tão após, depois de uns quinze dias, me ligaram da assessoria de imprensa da SPTrans, perguntando sobre o post anterior "Criançada da SPTrans". Bem, eu quase caí para trás, na hora pensei, "Vou ser presa!", mas daí a mulher que ligou, me deixou tranquila dizendo que queria saber o que realmente tinha ocorrido. Contei para ela o que já havia escrito no blog, porém mais detalhadamente e deixei claro que a intenção do blog é de desabafo pessoal, que eu não quero em momento algum prejudicar alguém.
Ela disse que me procuraram surpresos pois nunca tiveram reclamação sobre o atendimento do pessoal adolescente da SPTrans, e que eles cometeram um erro sim ao dizer que só podia ser Boletim de Ocorrência On Line, e aí já constataram o supervisor de lá para corrigir. Perguntei a ela se gostaria que eu tirasse o post do blog, pois não quero que isso cause uma má impressão do projeto, embora que a situação fosse toda foi "chata" eu poderia ter tido pouca sorte no dia e não via problema algum em tirar, mas ela disse que não precisava, pois a intenção era saber o que realmente aconteceu e esclarecer o programa já que eu deixei claro que não concordava com o mesmo.
Ela disse que esse programa é uma iniciativa do governo de são paulo na ideia de capacitar jovens adolescentes (estagiários) justamente com esse público (idosos e deficientes) pois acreditam que isso ajudará no amadurecimento desses jovens para a vida. Ela disse também que muitos desses jovens entram no programa de um jeito e saem totalmente diferentes, ela não usou esse termo, mas seria evoluídos. Esses jovens são supervisionados por estagiários em Psicologia. Ela finalizou a ligação pedindo desculpas do ocorrido, e eu pedindo desculpas pelo post.
O mais curioso de tudo que uns dias antes da ligação dessa pessoa fui convocada para estagiar justamente nessa área, para supervisionar esses jovens, só não aceitei pois a unidade que eu teria que trabalhar é no Centro e o horário incompatível, mas achei muito engraçado, ser convocada justamente para trabalhar com os jovens que julguei, e aí mais uma lição, que não devemos, NUNCA, julgar ninguém, mesmo que soframos injustiças, pois cada um faz o que acha que é certo, quantas vezes não somos injustos com as pessoas na vida?
Então finalizando, esse post era para dizer que por mais que passei alguns constrangimentos com a "criançada da SPTrans", esse termo é até bem agressivo, quero deixar que estou arrependida por ter julgado-os, peço desculpas e que compreendo que eles estão da mesma forma que eu, no caminho da vida, errando, acertando, errando...
Logo após ter publicado o post anterior, assim, não tão após, depois de uns quinze dias, me ligaram da assessoria de imprensa da SPTrans, perguntando sobre o post anterior "Criançada da SPTrans". Bem, eu quase caí para trás, na hora pensei, "Vou ser presa!", mas daí a mulher que ligou, me deixou tranquila dizendo que queria saber o que realmente tinha ocorrido. Contei para ela o que já havia escrito no blog, porém mais detalhadamente e deixei claro que a intenção do blog é de desabafo pessoal, que eu não quero em momento algum prejudicar alguém.
Ela disse que me procuraram surpresos pois nunca tiveram reclamação sobre o atendimento do pessoal adolescente da SPTrans, e que eles cometeram um erro sim ao dizer que só podia ser Boletim de Ocorrência On Line, e aí já constataram o supervisor de lá para corrigir. Perguntei a ela se gostaria que eu tirasse o post do blog, pois não quero que isso cause uma má impressão do projeto, embora que a situação fosse toda foi "chata" eu poderia ter tido pouca sorte no dia e não via problema algum em tirar, mas ela disse que não precisava, pois a intenção era saber o que realmente aconteceu e esclarecer o programa já que eu deixei claro que não concordava com o mesmo.
Ela disse que esse programa é uma iniciativa do governo de são paulo na ideia de capacitar jovens adolescentes (estagiários) justamente com esse público (idosos e deficientes) pois acreditam que isso ajudará no amadurecimento desses jovens para a vida. Ela disse também que muitos desses jovens entram no programa de um jeito e saem totalmente diferentes, ela não usou esse termo, mas seria evoluídos. Esses jovens são supervisionados por estagiários em Psicologia. Ela finalizou a ligação pedindo desculpas do ocorrido, e eu pedindo desculpas pelo post.
O mais curioso de tudo que uns dias antes da ligação dessa pessoa fui convocada para estagiar justamente nessa área, para supervisionar esses jovens, só não aceitei pois a unidade que eu teria que trabalhar é no Centro e o horário incompatível, mas achei muito engraçado, ser convocada justamente para trabalhar com os jovens que julguei, e aí mais uma lição, que não devemos, NUNCA, julgar ninguém, mesmo que soframos injustiças, pois cada um faz o que acha que é certo, quantas vezes não somos injustos com as pessoas na vida?
Então finalizando, esse post era para dizer que por mais que passei alguns constrangimentos com a "criançada da SPTrans", esse termo é até bem agressivo, quero deixar que estou arrependida por ter julgado-os, peço desculpas e que compreendo que eles estão da mesma forma que eu, no caminho da vida, errando, acertando, errando...
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